sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um pouco da cidade Aiquara

Aiquara está localizada no centro sul da Bahia, com uma população de aproximadamente 6.ooo habitantes. Apesar do número pequeno de habitantes, a cidade é acolhedora e de grande beleza natural. A cultura da região é riquíssima, a festa tradicional que se destaca é o São João, com o famoso Licor do jegue, que atrai muitas pessoas das cidades vizinhas.
Aiquara, no dia 12 de abril, comemorou seus 48 anos de emancipação política. Todas as escolas do ensino fundamental trabalharam o projeto “Aiquara, cidade acolhedora” com o objetivo de reconhecer a história do município em todos os aspectos, valorizando nossa cultura. A culminância do projeto reuniu todas as escolas para comemorar essa data belíssima com apresentações culturais que mostraram as festas tradicionais do município: a folia de reis, festa do vaqueiro, festas juninas, folclore, entre outras...
O evento foi um sucesso. Contamos com a participação da secretaria de educação, do prefeito, vereadores e da comunidade que abrilhantou com sua presença.

Série não rima com inclusão

jfpacheco@mail.telepac.pt

A informática ao alcance das pessoas cegas

Os softwares leitores de tela com síntese de voz possibilitam o acesso à leitura, à escrita, ao entretenimento e à informação. Além disso, ampliam as perspectivas de comunicação e inserção no mundo do trabalho.

A maioria das pessoas não conhece os softwares leitores de tela com síntese de voz, disponíveis para usuários com deficiência visual. Por isso, o uso do computador via teclado, sem o mouse e muitas vezes com o monitor desligado, desperta curiosidade, causando surpresa e estranhamento. Para algumas pessoas, a voz ecoada na tela parece rápida demais, embolada ou com sotaque estrangeiro, e é uma surpresa constatar que as teclas não estão em braile. É o que se passa comigo quando sou observada diante de um computador, porque sou cega e, portanto, alvo constante de interpelações dessa natureza.

Meu primeiro contato com a informática, na década de 1990, foi motivado pelo surgimento do DOSVOX, software livre com programa sintetizador de voz, criado e desenvolvido pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que despontava como uma grande esperança e uma alternativa inovadora de acesso à informação para as pessoas cegas. Naquela época, eu me sentia uma ignorante diante do computador e tinha a impressão de que aquela máquina e eu jamais nos entenderíamos. Sentia-me uma viajante apavorada e perplexa diante do enigma da esfinge: "Decifra-me ou devoro-te!". Dessa forma, a necessidade imperiosa, o desejo de emancipação e o impulso de sobrevivência intelectual triunfaram sobre a falta da visão e o medo de ser devorada. O que parecia uma temeridade tornou-se objeto de fascínio, e o computador entrou definitivamente em minha vida. Experimentei outros softwares acessíveis e passei a alçar outros voos.

Em 2007 e 2008, intensifiquei as investidas na web, na modalidade educação a distância com diferentes tipos de ferramentas, em duas plataformas bem distintas, ao trabalhar como supervisora de conteúdo e coordenadora, respectivamente, durante a primeira e a segunda edições de um curso de formação continuada de professores. Essas incursões pelos labirintos virtuais desvelaram novas esfinges, representadas pelas barreiras de acessibilidade, que desafiam a nossa persistência, o desempenho pessoal, os limites e as possibilidades dos programas leitores de tela com síntese de voz. Essas barreiras consistem em frames, gráficos, tabelas, uso de cores, imagens sem descrição, códigos de segurança sem texto alternativo, entre outros recursos eminentemente visuais.

Nesse sentido, guardadas as devidas proporções, navegar na web é como aventurar-se pelas ruas e avenidas da cidade guiada por uma bengala, exposta ao perigo e a toda sorte de riscos decorrentes dos obstáculos, suspensos ou ao rés do chão, espalhados pelas vias públicas. Ao longo dessa aventura, descobri novos fetiches e desafios, como o de criar e manter uma página pessoal, o Banco de Escola (http://www.bancodeescola.com).

O uso de computador via teclado, sem o mouse e muitas vezes com o monitor desligado, desperta curiosidade.



INFORMÁTICA E CIDADANIA.
Os softwares leitores de tela com síntese de voz geralmente são de fácil compreensão e manuseio. A velocidade, a tonalidade e o tipo de voz podem ser ajustados de acordo com as preferências individuais. Esses softwares possibilitam o acesso à leitura, à escrita, ao entretenimento e à informação. Além disso, ampliam as perspectivas de comunicação e inserção no mundo do trabalho. É o que podemos perceber nos depoimentos de três funcionários e de uma usuária do Centro de Atendimento Pedagógico às Pessoas com Deficiência Visual de Belo Horizonte.

Jacqueline, 34 anos, é pedagoga, revisora braile e universitária do curso de Direito. Ela usa o computador para fazer os trabalhos e as avaliações da faculdade: "Leio os textos ao mesmo tempo em que os meus colegas, o que facilita a interação, o trabalho em grupo e a troca de conhecimento. Meu marido também é cego e digitaliza para mim os livros e textos da faculdade. Fiz um curso introdutório de informática, mas aprendi de fato quando me senti desafiada pelas exigências do trabalho, quando tive de estudar e aplicar o que aprendia".

Wanderley, 25 anos, trabalha como técnico e professor de informática: "Aprendi a lidar com o computador pesquisando e estando em contato com colegas mais experientes. Graças ao computador, tenho a oportunidade de trabalhar como professor de informática, de aprender inglês e de conhecer pessoas do Brasil e do mundo. Além disso, trabalho com instalação de programas e de sistemas, faço a troca de peças e outros serviços de manutenção. Recentemente, entrei em contato com o software Orca, um leitor de tela que permite lidar com as ferramentas do Linux/Ubuntu".

Márcio, 40 anos, trabalha como auxiliar de biblioteca: "Os primeiros contatos que eu tive com o computador foram através de amigos que me davam dicas. Depois fiz um curso básico. Uso o computador em meu trabalho para fazer o controle de entrada e saída de material da biblioteca, cadastro de alunos da escola de informática, correio eletrônico e pesquisa na internet. Fora do trabalho, leio livros, navego na internet e gravo CDs e DVDs. O computador trouxe agilidade e praticidade para entrar em contato com a informação, uma vez que dependo menos de outras pessoas para ler".

Elisângela, 35 anos, é assistente social e trabalha como técnica em atendimento às famílias na prefeitura de Belo Horizonte. No trabalho, ela utiliza o computador para fazer anotações pessoais, pesquisas na internet, redação de relatórios e ofícios, registro de visitas domiciliares, reuniões, levantamento de dados estatísticos e prestação de contas dos casos atendidos e de desligamentos: "Acredito que estou trabalhando hoje graças a minha autonomia e independência, propiciadas pelo computador quando eu fazia estágio na secretaria em que trabalho. O computador foi meus pés e minhas mãos durante o curso de Serviço Social. Eu me sinto uma cidadã quando converso com as minhas sobrinhas que moram no interior através do MSN ou do Skype. O computador me traz autonomia e me faz sentir gente. É uma questão de igualdade mais do que de inclusão, porque já faço parte e não me sinto discriminada. O computador me permite estar em pé de igualdade com as outras pessoas".